O Dia em que o Zeppelin Dançou no Céu de São Paulo

Imagine a cena: o ano é 1933, e o céu de São Paulo, ainda com seus contornos em formação, é cortado por uma visão majestosa e inédita: o dirigível Graf Zeppelin. A passagem desse gigante dos ares não apenas deslumbrou a população, mas também rendeu histórias curiosas e momentos que ficaram para sempre na memória da cidade.

1/15/20252 min read

Em maio daquele ano, o Zeppelin protagonizou dois episódios marcantes. O primeiro deles, em 12 de maio, resultou em uma das fotos mais icônicas de São Paulo: o dirigível imponente contrastando com a arquitetura do Edifício Martinelli, um símbolo da modernidade da época. A imagem eternizou o encontro entre o passado representado pela tecnologia do Zeppelin e o futuro que se anunciava na metrópole.

Uma curiosidade da época, relatada em matérias da imprensa, era a proibição de fumar a bordo do Zeppelin. Imagine o suplício para os passageiros da época, privados do cigarro durante a viagem! As notícias da época prometiam que, no futuro, essa inconveniência seria resolvida com a instalação de um "fumoir" devidamente protegido.

O segundo momento memorável ocorreu alguns dias depois, em 15 de maio. O Correio Paulistano estampou em suas páginas o "Majestoso Vôo do 'Graf Zeppelin' sobre a cidade de São Paulo", questionando o motivo do dirigível ter voado tão baixo sobre o bairro do Brás, um local conhecido por sua grande concentração de pessoas. Teria havido algum acidente a bordo?

O relato histórico descreve as "evoluções" do dirigível sobre a "Pauliceia", causando admiração, curiosidade e até mesmo certo temor na população. Afinal, a manobra inesperada sobre o Brás fez muitos pensarem que o Zeppelin poderia cair.

Mas a explicação, revelada pelo Correio Paulistano, é ainda mais curiosa: o Zeppelin teria voado baixo para que os tripulantes pudessem observar de perto a Casa de Móveis "Rio Grandense", localizada na Avenida Rangel Pestana. O jornal ainda aproveitou para fazer uma propaganda da loja, destacando seus móveis de qualidade e preços acessíveis.

Seria essa uma das primeiras ações de marketing aéreas da história? Ou o interesse pela loja foi realmente o motivo da ousada manobra? A verdade é que o episódio adiciona um toque pitoresco à passagem do Zeppelin por São Paulo, mostrando como um evento grandioso como esse também pôde gerar momentos inusitados e até mesmo engraçados.

A passagem do Zeppelin por São Paulo em 1933 é um capítulo fascinante da história da cidade, um encontro entre o progresso tecnológico e o cotidiano da população. Um tempo em que o céu de São Paulo testemunhou um espetáculo grandioso, que continua vivo em fotos, relatos e na memória da cidade.